top of page

Encerramentos e recomeços: sobre processos de transformação

  • Foto do escritor: Daniela Miyahara
    Daniela Miyahara
  • 26 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

Esse texto foi escrito no início do ano de 2024 para o Instituto PSIADI. Nele, escrevo sobre encerramentos e recomeços. Podemos ser atravessados por esses processos independente da época do ano, mas os aniversários e festas de virada de ano são um convide especial à reflexão. 


imagem de por-do-sol com girassol em frente

Os primeiros dias de um ano podem mobilizar uma série de conteúdos em nós. O momento do encontro dos últimos dias de um ciclo com os primeiros de outro carrega consigo uma imagem de encerramento e recomeço, uma espécie de janela aberta à transformação.


Doze meses se passaram, uma totalidade em si mesma, com início, meio e fim. Não por acaso atualizamos nossas metas e renovamos nossos desejos para o ano que segue: sentimos nesse espaço a possibilidade de nos preparar para viver um novo ciclo, mas de um jeito diferente porque já não somos os mesmos. É quando se abre diante de nós a possibilidade de rever o que passou e planejar o que será. 


Na psicologia analítica, podemos descrever a relação do ego com o Si-mesmo como a de um pequeno ponto se movimentando em torno de um centro, num movimento circular que constitui uma totalidade. Essa é a lógica do processo de individuação e também o motivo pelo qual precisamos passar tantas vezes pelo mesmo assunto em psicoterapia: cada volta em torno de um tema é uma tentativa, uma possibilidade de transformação, não apenas do tema, mas da personalidade total. 


Estar vivo é estar continuamente em transformação. Isso envolve encerramentos e recomeços.


Transformação. Essa palavra, que se origina do latim, é composta por trans (através) e formare (dar forma). É o processo através do qual  se dá forma a algo. Em nossos rituais celebramos a morte de algo que se foi. E através desse processo damos forma a algo que virá. Esse tema tão profundamente enraizado na humanidade se repete ao longo dos costumes, dos mitos, das eras.


Na mitologia grega, foi assim com Core, que se transformou em Perséfone através de um mergulho nas profundezas. Ao longo da vida, essa história se repete conosco: seja com o jovem que marca heroicamente o seu ingresso na sociedade através de uma serie de rituais de iniciação ou com a pessoa idosa, cujos processos exigem uma revisão não menos heroica da adaptação conquistada até então. 


Aquilo que é cura em um momento da vida pode se tornar neurose num outro momento. Tudo aquilo que estanca o vir a ser de nossa personalidade pode se tornar prejudicial, pois o movimento faz parte da vida. Nesse sentido, todo encerramento guarda em si uma pequenas chances de recomeço, de renovação e de transformação. Para Jung (2014b, p. 57),


“(...) a vida não é só ontem nem fica explicada quando se reduz o hoje ao ontem. A vida também é amanhã; só compreendemos o hoje se pudermos acrescentá-lo àquilo que foi ontem e ao começo daquilo que será amanhã”. 

Você quer saber mais sobre esse tema? Está passando por um processo parecido? Me chame pelo whatsapp e vamos conversar.





Daniela Miyahara e Instituto PSIADI

[Psicología Analítica e Diálogos Interdisciplinares] 


Referências:

JUNG, C. G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Petrópolis: Vozes, 2014

JUNG, C. G. O eu e o inconsciente. Petrópolis: Vozes, 2015

JUNG, C. G. Psicologia do Inconsciente. Petrópolis, Vozes, 2014b

Transformação. Origem da Palavra, 2024. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/transformacao/. Acesso em: 04/01/2024

 
 
 

Comments


bottom of page